A relação do Japão com o Brasil





1. Introdução

Oficialmente as relações entre Japão e Brasil tiveram início com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países, em Paris no ano de 1895 (mil oitocentos e noventa e cinco), e desde então, já se passaram mais de cem anos. Em 1908 (mil novecentos e oito) iniciou-se a imigração japonesa ao país, e daqui a quatro anos, em 2008 (dois mil e oito), teremos o Centenário da Imigração, que será comemorado com diversos eventos em ambos os países.

Com exceção ao período da eclosão e do término da II (segunda) Guerra Mundial, (que foi de 194 mil novecentos e quarenta e .... a 1951 mil novecentos e cinqüenta e um), os dois países vem construindo um relacionamento amistoso. Particularmente, nos anos 60 (sessenta) e 70 (setenta), na fase do crescimento econômico do Brasil, as relações, principalmente econômicas, se tornaram intrínsecas. E o papel exercido pelos 1 (um) milhão e 400 (quatrocentos) mil nikkeis que se estabeleceram no país, (das quais 1 milhão no estado de São Paulo) é bastante relevante.

Nas décadas de 80 (oitenta) e 90 (noventa), sob influência das circunstâncias econômicas de ambos os países, o relacionamento foi forçado à estagnação, mas atualmente, podemos sentir os indícios de reativação (retomada). Hoje, gostaria de explanar sobre o atual relacionamento Japão-Brasil, que ocorrem em várias áreas.

2. Comércio Internacional

O montante de transações comerciais do Japão com o Brasil, ocupa a terceira posição na América do Sul e Central, seguindo o Panamá e o México. Em 200 (dois mil e ...) o montante das exportações e importações entre Japão e Panamá foi de ... US$ ( bilhões de dólares), entre Japão e México de US$ ( bilhões de dólares) e entre Japão e Brasil de US$ ( bilhões de dólares). As exportações japonesas para o Brasil, que desde o pós-guerra vem crescendo favoravelmente, estagnou-se na década de 80 (oitenta) por causa da crise econômica brasileira, retomou ultimamente os patamares de 2 (dois) bilhões e 500 (quinhentos) milhões a 3 bilhões, desde a política de abertura de mercado e a introdução do Plano Real em 96 (noventa e seis).

Quanto à exportação brasileira para o Japão que estava estagnada no começo dos anos 90 (noventa), chegou perto dos US$ 4 bilhões de dólares, no período de 95 (noventa e cinco) a 97 (noventa e sete). Desde então, vem evoluindo na faixa de 2 (dois) a 2,5 (dois bilhões e quinhentos milhões) de dólares. A propósito, em 200 (dois mil e ...) a exportação brasileira para o Japão foi de ... % ( por cento) do total das exportações e as importações do Japão foi de ...% ( por cento) da totalidade importada. Para o Japão, as exportações para o mercado brasileiro ocupa ...% ( por cento) do total exportado, sendo a importação,de ...% ( por cento) do total importado.

3. Investimento

Nas décadas de 60 (sessenta) e 70 (setenta), época do “Milagre Brasileiro”, houve uma franca expansão no investimento de empresas japonesas no Brasil, em áreas de: siderurgia, estaleiro, alumínio, papel, entre outros. Para se ter uma idéia, em 19 (mil novecentos e ...) que foi o auge dos investimentos diretos japoneses destinados ao Brasil, foi de ...% ( por cento) do total, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha, ocupando o lugar.

Após os anos 80 (oitenta), motivados pela crise do petróleo e a dívida externa brasileira, o investimento japonês para o Brasil estagnou-se. Atualmente nota-se uma tendência de recuperação, onde em 2000 (dois mil), com US$ 8 (oito) bilhões de dólares ocupou o .... lugar, em 2001 (dois mil e um) com US$ 6 (seis) bilhões de dólares ficou em ... lugar, que em comparação com a primeira metade da década de 90 (noventa) (que era de US$ bilhões de dólares, ... lugar) vem evoluindo em níveis elevados. Em 200 o investimento foi de US$ bilhões, ocupando o ... lugar.

Exemplificando estes investimentos, podemos citar os grandes investimentos realizados no período de 2001 (dois mil e um) a 2003 (dois mil e três) como:

Primeiro: A construção da nova fábrica da Renault-Nissan, cujo valor foi de US$ 200 (duzentos) milhões de dólares, em Curitiba, para a produção de picapes.

Segundo: A Toyota investiu US$ 300 (trezentos) milhões de dólares para aumentar a sua capacidade de produção do Corolla, em sua fábrica de Indaiatuba.

Terceiro: A CENIBRA, empresa de papel e polpa fundada pela joint venture de empresas japonesas JPB (jota pe be - Japan Brazil Papel & Pulp Resourses Develop Co. Ltd.) e a Vale do Rio Doce, teve 100% de suas ações adquiridas pela JPB.

Quarto: A Kawasaki Heavy Industries, construiu uma fábrica de peças, para suprir a demanda da EMBRAER.

Quinto: A Mitsui Corporation adquiriu 50% das ações da Empresa de recursos naturais Kaemi, (os 50% (cinqüenta por cento) restantes, foram adquiridos pela Companhia Vale do Rio Doce.

Sexto: Cinco grandes empresas de comércio japonesas anunciaram participarem do projeto de exploração de petróleo em alto mar, no Rio de Janeiro, com o investimento de 4,6 (quatro bilhões e seiscentos milhões) de dólares.

Sétimo: A Konica investiu 70 milhões de dólares para a construção de sua fábrica em Manaus.

4. Cooperação econômica

O nosso país é o maior favorecedor mundial de ODA (Assistência Oficial do Governo do Japão) ao Brasil, por levar em consideração fatores como a importância do Brasil no contexto centro e sul-americano, a histórica relação de amizade entre os dois países e a presença de numerosa população de origem japonesa no Brasil.

Realiza com este país de forma ativa, uma cooperação econômica que tem, como focos principais, os projetos econômicos de grande dimensão, a cooperação técnica e o financiamento de capitais. O Brasil ocupa a segunda posição entre os países da América Central e do Sul, perdendo apenas para o Perú, quanto a ODA composta de empréstimos e cooperação técnica – com relação a esta última, é, em todo o mundo, um dos maiores beneficiários do Japão. Como os senhores bem conhecem, tem mantido a cooperação técnica no Projeto Cerrado por mais de 20 (vinte) anos, contribuindo grandemente para a melhoria e o aumento da produção de soja, dentre outros produtos agrícolas. E a partir de 99 (noventa e nove), vem implantando o Programa de Assistência para Projetos Comunitários, contribuindo para a melhoria das condições sociais, de educação e de saúde da comunidade local.

Além disto, o Japão e o Brasil vem promovendo o Programa de Parceria Japão-Brasil, como parte do projeto de cooperação técnica, dando assistência aos países africano-lusófonos e ao Timor Leste.

Quanto ao investimento no estado de São Paulo, podemos citar o projeto de prevenção de enchentes no Rio Tietê em curso atualmente, e o de melhoria ambiental na Baixada Santista, que está sendo estudado para ser implementado. E não é no programa de financiamento, mas está sendo feito um estudo para o financiamento da construção da linha 4 do Metro de São Paulo.

5.Intercâmbio de pessoas

Na área de intercâmbio de pessoas, em julho de 2002, a delegação chefiada pelo Sr. Imai, presidente honorário da Federação das Organizações Econômicas do Japão (o Keidanren), visitou o Brasil, tendo dialogado com o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e demais oficiais do alto escalão do governo brasileiro.

Em 17 de março do corrente ano, realizou-se o 10° Encontro da Comissão Conjunta Econômica Japão-Brasil aqui em São Paulo, reunindo empresários de grandes companhias das variadas áreas da Federação das Organizações Econômicas do Japão e CNI do Brasil, com a participação de altos funcionários do Governo japonês e brasileiro. Espero que este Encontro sirva para dar maior ênfase ao comércio entre os dois países, elevando o nível das atividades econômicas.

Além da área econômica do setor privado, a tendência entre os dois governos de manter o diálogo, através de visitas de funcionários de alto nível, para se discutir vários temas, está se fortalecendo cada vez mais, principalmente nos últimos dois anos.

Em 2001, o então Ministro da Saúde, o Ministro José Serra, Ministro Sérgio Amaral, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, visitaram o Japão. Em 2002, o Ministro Celso Lafer, então Ministro das Relações Exteriores visitou o Japão.

Como fruto do encontro entre os dois chanceleres, já aconteceram dois encontros: um em Nova York e outro em Brasília, onde ocorreram os diálogos de política do mais alto nível entre os Ministérios de Relações Exteriores dos dois países, cujos assuntos versaram sobre interesses multilaterais, política-econômica e também o Mercosul.

No mesmo ano, a prefeita de São Paulo, a Sra. Marta Suplicy, visitou o Japão junto com empresários paulistas. Em 2003, três ministros do Brasil, o Ministro Celso Amorin, das Relações Exteriores, o Ministro Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, participaram da Conferência da OMC em Tokyo.

Do Japão, em 2001, o Vice-ministro Shigeo Uetake, das Relações Exteriores, e em 2002, o Vice-presidente Shoji Motooka, do Senado Japonês, visitaram o Brasil, mantendo ativa a corrente destas visitas.

•  Diálogo político

Dentre as matérias tratadas nesses encontros, além dos assuntos bilaterais, os assuntos de interesse global, têm tido maior importância, visto que interessam a ambos os países. Pois o potencial do Brasil não se restringe apenas ao continente sul-americano, mas também, tem abrangência internacional. Portanto são várias as áreas sobre as quais o Japão e o Brasil poderão cooperar.

Na Conferência Cimeira Rio + 10 realizada em Johannesburgo, África do Sul, em agosto passado, o Japão representando a Ásia, e o Brasil, representando a Amércia Latina, atuaram como membros principais da comissão Central da Cimeira. Portanto, os dois países poderão, para dar continuidade ao evento, cooperar nas várias áreas discutidas nesta ocasião, como a do meio-ambiente, combate à pobreza, saúde, energia, entre outros.

Nas negociações multilaterais da Organização do Comércio Mundial, espera-se que o Brasil exerça uma forte liderança junto com o Japão.

O Japão está bastante interessado nas negociações do Brasil com referência à Área Livre de Comércio da América (ALCA) e demais Áreas Livres de Comércio. As empresas privadas japonesas demonstram interesse na possibilidade de se estabelecer uma Área Livre de Comércio entre os dois países.

Por ocasião do encontro do Ministro Sérgio Amaral, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Ministro Hiranuma, da Economia e Indústria do Japão, respondendo à sugestão feita, de se criar uma Área Livre de Comércio entre Japão e Brasil, disse que o assunto merecia ser estudado a fundo. Por isso, o referido 10° Encontro da Comissão Conjunta, decidu estudar a criação de grupo de estudos sobre Áreas Livres de Comércio.

A reforma da ONU, particularmente, do Conselho de Segurança é também assunto de interesse comum do Brasil e do Japão. Juntando esforços dos dois países, poderá incentivar as discussões infelizmente estagnadas destas reformas.

IV. Eventos futuros

Pode-se dizer que a relação Japão-Brasil são excelentes, pois não há nenhum problema que possa vir a prejudicar irreparavelmente, este relacionamento.

Como na mensagem enviada pelo Primeiro Ministro Junichiro Koizumi ao presidente Lula, congratulando-o pela posse, desejo que o relacionamento de boa amizade que se mantém por mais de um século, torne-se ainda mais profunda nos próximos anos.

Para isso, sob o novo governo que teve início em janeiro deste ano, espero que aconteçam os seguintes eventos:

Primeiro: as visitas de Chefes de Estado

Desejo que o Primeiro Ministro Koizumi, do Japão, que tem prevista a participação na Cooperação Econômica da Ásia e do Oceano Pacífico (APEC) em 2004, no Chile, possa visitar o Brasil. E também, que uma visita do Presidente Lula ao Japão, se realize o quanto antes possível.

Segundo: diálogos bilaterais de política mais frequentes

É muito importante manter o diálogo político-econômico entre os ministérios das relações externas dos dois países, que se tornaram regulares em Nova York e Geneva, e que estes encontros possam ser mais frequentes.

Terceiro: ampliação nas áreas de economia, comércio exterior e investimento

O Brasil está tentando chegar a um acordo, no que se refere às negociações da ALCA e Zona Livre de Comércio entre Mercosul, e União Européia. Ao mesmo tempo, que se dá a importância ao fortalecimento das relações com alguns países asiáticos, como a China e a Índia. Neste contexto, o Japão sofreria uma grande perda nas áreas de investimento e comércio com o Brasil, se não tomar medidas para fortalecer ativamente as relações bilaterais.

A esse respeito, gostaria de apresentar a opinião do Presidente Lula, que se deu por ocasião do encontro com o Sr. Murofushi, Presidente da Comissão Econômica Japão-Brasil da Keidanren e da mesa do lado japonês, do 10° encontro da Comissão Conjunta Econômica Japão-Brasil. O Presidente Lula considera o Japão como um dos parceiros mais importantes para o Brasil. E lamentou que a posição atual do Brasil, no contexto do volume mundial do comércio exterior do Japão seja de apenas 1%. Disse que queria aumentar o volume de comércio com o Japão, exportando frutas, carnes e etanol.

Quarto: cooperação maior nos assuntos globais

O Japão necessita ampliar as relações de cooperação com o Brasil. Creio que há espaço para se ampliar o papel principal no cenário mundial, nas áreas de apoio ao Timor-Leste, reforma da ONU e meio-ambiente global, entre outras.

Quinto: maior intercâmbio cultural

Aqui no Brasil atualmente, a culinária japonesa e mais recentemente o mangá, têm grande preferência, entre as demais culturas japonesas. É importante para nós, apresentarmos as culturas tradicionais e modernas, de maneira equilibrada.

Na ocasião do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil em 2008, gostaria de realizar um revento cultural muito grande, e por isso, conto com a cooperação intrínseca da comunidade japonesa.

V.Conclusão

Tenho certeza de que é possível a cooperação Japão-Brasil nas áreas mais amplas, tais como política, economia, cultura, meio-ambiente e energia.

E para se realizar a cooperação neste sentido, é essencial para o Japão, recuperar a sua economia da atual estagnação, e para o Brasil, manter a estabilidade político-econômica.

Em 2008, teremos o Centenário da Imigração Japonesa, o qual será um grande marco histórico para os dois países.

Portanto, gostaria de comemorar este acontecimento com a ampliação das relações, e desejo que este evento venha fortalecer ainda mais os relacionamentos existentes entre Japão e Brasil.

Muito obrigado.

Fonte::::: AsiaPacifico.com - Textos de Especialistas

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem